Acessórios usados pela personagem viraram febre
O que tem da Giovanna Antonelli nessa criação do figurino?
Tenho muitas fotos que fui armazenando para estudar e chegar a esse resultado. Pesquisei delegadas no Brasil inteiro. Algumas eu conheci, de outras encontrei fotos. Eu sempre digo: separa em cima da cama as peças da Helô e você vai ter escarpim, sandália, calça jeans, pantalona, calça flair, jaqueta de couro, camisa de seda, brinco pequeno, médio e grande. Ali tem, ao mesmo tempo, uma mulher sexy, uma mulher clássica, uma mulher careta. Alguma mulher vai se identificar com alguma peça da personagem. A gente fez uma mulher sugada de várias outras.
A Helô é meio irritadiça, né? Fala rápido e tem urgência para ser atendida. Isso é seu também?
Isso foi acontecendo ao longo do processo. Desde o início, eu queria imprimir um ritmo diferente. Convivi com delegados e, como eles estão sempre em ação, tudo acontece mais rápido. Por isso, nessas cenas da delegacia a gente acabou determinando que tudo seria mais ágil. Esse foi o gancho para a Helô: pego uma frase de uma cena e falo igual a uma metralhadora. Quando ela chama alguém é sempre com a ideia de imprimir urgência. Depois, acabei levando isso para a vida pessoal dela.
E isso foi conversado com a direção?
Ia acontecendo a cada cena, a cada bloco, e a gente ia conversando com a direção. Num dia, o texto dizia “inacreditável”, aí eu disse “inacrê”. E ficou assim a partir daí. No bloco seguinte, a Gloria mesmo escreveu o texto dessa maneira. São coisinhas que vão virando a assinatura daquele personagem.
Mas não tem nem um vestidinho…
Ela gosta mais de vestidão, de camisão. Dentro de todas as possibilidades, tem também o que a personagem mais gosta. A gente tem uma paleta de cores, que no início era mais marrom, mais bege e, aos poucos, foi sendo salpicada com mais cores. Os bichos sempre vão para tons terrosos, marrons. E, se a gente coloca uma calça preta e uma blusa branca, logo vê que não dá. Tem que ser uma calça preta e branca, mas com uma oncinha na parte de cima.
Alguma vez você se imaginou fazendo uma personagem tão durona?
Não, e foi um presente. Eu só delegava na minha casa. Sabe como é, né? Três filhos… tem que colocar limite (risos). A Helô é diferente de tudo o que já fiz. A gente sempre fala a mesma coisa, mas a Helô realmente é diferente. Ela tem um lado mulherzinha e um lado homenzinho, até para impor respeito. Isso é muito rico. As cenas com o (Alexandre) Nero já estavam genialmente estabelecidas pela Gloria desde o início, mas a gente não sabia que eles iam ficar juntos. Eu e o Nero lançamos ali uma comédia, uma paixão, uma raivinha e rolou.
A Giovanna é brigona como a Helô?
Também não levo desaforo, não. Às vezes com muita educação, mas eu sou justa, gosto de justiça.
Eu vi na internet que você foi falar com a secretária de Educação. O que houve ali?
Havia um problema no colégio onde alguns dos filhos dos meus funcionários estudam. A escola deveria atender até as 17h e há meses ela libera os alunos ao meio-dia porque não tem professor. É claro que é um prazer ter os filhos dos meus funcionários brincando lá em casa com os meus filhos, mas como é que eles vão dar conta do trabalho? Ter professores nas escolas é um direito da população, isso não pode faltar. Sempre que precisarem de mim para causas justas, eu vou estar lá. Acho que a gente tem que cobrar e mudar essa realidade que a gente vive, exigir nossos direitos e apoiar quem precisa porque amanhã pode ser com a gente.
Como é a sua rotina? Quanto tempo do dia você dedica à Helô e quanto tempo à Giovanna?
Outro dia, encontrei um amigo e ele falou: “Ah, você deve estar exausta, né?”. Mas não estou, não, porque faço isso há tanto tempo e eu estou tão feliz, tão realizada, está tudo tão bem administrado que eu só posso agradecer. É mais um degrau, e isso alimenta e fortalece a alma. O cansaço não é algo que predomina, sou mãe leoa, me desdobro. Estou dormindo quatro horas por noite há dois dias, porque estou com duas crianças doentes em casa, e gravei às 5h da manhã. Foram dois dias pesados, mas eu compenso depois. Sempre tem uma pausa, chego em casa, fico meia horinha na cama de cada um dando beijinhos. Agora, os próximos meses vão ser menos intensos, mas são momentos que a gente tem que curtir, e as crianças estão bem assistidas, tem mãe, tem sogra, tem avó, todo mundo perto. Eu e Leo (Nogueira, marido e diretor de ‘Flor do Caribe’) estamos trabalhando pra caramba, mas é pra ter uma vida bacana para os nossos filhos. E é tudo saudável e administrado.
Quando você percebeu que sua imagem vende muito?
Eu, meu escritório e minha assessora, Piny Montoro, começamos a ficar atentos a como as coisas chamam atenção nas campanhas e, principalmente, nas novelas, e vimos que eu poderia usar isso a meu favor. Ter uma linha de esmaltes, por exemplo, que é algo que eu adoro. Acabou rolando esse encontro com a Speciallità. E uma coisa foi puxando a outra. Agora, já temos uma linha de joias com a Rommanel e outra de óculos com a Triton. Em julho, vou inaugurar uma clínica de depilação a laser. Sou adepta do laser, fiz durante muitos anos para eliminar pelos, tenho uma sócia de Volta Redonda que trabalha com cirurgia plástica e, numa viagem nossa, resolvemos fazer essa parceria.
Você já fez plástica?
Fiz uma lipo há oito anos, depois da minha primeira gravidez. Até agora, nada mais. Acho que o importante é estar bem e eu não teria o menor problema em dizer que fiz. Se daqui a cinco anos eu quiser, por que não?
A devoção por São Jorge vem de antes da novela, não é?
Sim. Você lembra que fizemos o ensaio de São Jorge na minha casa? Eu ganhei um São Jorge de um metro e meio do Zeca (Pagodinho). Tenho dois no meu sítio, um deles fica na minha sala. Sou devota mesmo. Meus filhos passam pelo São Jorge e beijam a imagem (risos).
Como é ser mãe de três?
Sempre sonhei ter filhos, desde quando eu brincava de bonecas, aos 15 anos. Eu tinha a família da Barbie reunida. Foi um sonho do qual corri atrás. Por conta do trabalho, só tive o primeiro filho (Pietro) aos 29 anos. É um presente, é um filho muito amado. E, depois, quando encontrei o meu grande amor, tive as duas. É mágico! Dar à luz duas crianças ao mesmo tempo foi a coisa mais linda do mundo.
A veia materna parou por aí?
Tenho vontade de ter mais um daqui a uns três anos. Só preciso ver se vou ter disposição. É uma responsabilidade muito grande. O Leo, mesmo sendo segundo pai do Pietro, tem vontade de ter um filho homem. Para mim, sendo menino ou menina, vai ser abençoado.
A feira mundial de TV, chamada MIP TV, listou os 50 programas mais importantes da televisão em todo o mundo. Só tem um brasileiro, que é ‘O Clone’. O que ainda falta para você se realizar?
‘O Clone’ foi uma novela única. O mundo viveu a catástrofe do 11 de setembro, a novela estreou em outubro e falava dos muçulmanos. Não esperava tudo o que aconteceu com a trama, que era linda, poética. Mas na minha carreira ainda falta tanta coisa, tantos personagens que sou capaz de realizar… Tenho duas ambições: a primeira é fazer uma Heleninha Roitman, que é um dos papéis mais geniais que já vi alguém fazer. Quando encontro a Renata Sorrah e digo isso, ela morre de rir e diz, de brincadeira, que eu tenho ciuminho (risos). A outra ambição é a de fazer trigêmeas, algo que nunca aconteceu na TV brasileira.
Diz o que você quer para a Helô e manda uma mensagem para quem é fã da delegada.
Primeiro: quero que a Helô invada a boate e salve as meninas. Aquilo é um horror e fica de alerta para todo mundo. Acho que a Helô e o Stênio deveriam ficar juntos, mas morando em casas separadas. Uma relação moderna! E quero agradecer. O meu agradecimento para vocês, público e imprensa, é poder me dedicar cada vez mais para fazer o meu melhor